A gestão do conhecimento em uma
organização é uma importante ferramenta para a gestão do negócio e vem sendo
cada vez mais exigida, seja nas organizações públicas ou privadas. Porém,
vários são os obstáculos que impactam neste processo, dentre eles a inexistência
de indicadores que possam demonstrar os resultados das ações implementadas pela
organização. Daí a
importância de se desenvolver indicadores confiáveis e capazes de reportar, com
confiabilidade os resultados.
Indicadores são medidas-sínteses que revelam a realidade por meio dos
números e são capazes de quantificar e qualificar uma dada informação. O
indicador é um instrumento operacional utilizado para o monitoramento de
processos e medição de resultados que necessita manter a essência da
informação, não devendo substituir o conceito que se deseja medir pela própria
medida. Isto quer dizer que os elaboradores e gestores de políticas públicas,
empresas, programas e projetos devem considerar o papel dos indicadores como instrumentos
de apoio à decisão e não como uma medida que reflete toda complexidade do
conceito ao qual se refere.
Os
indicadores devem estar alinhados às estratégias como, por exemplo, aos resultados a serem atingidos, sendo
este alinhamento essencial para uma boa gestão. Um
indicador, para ser aplicado a uma dada realidade necessita apresentar algumas das propriedades básicas a seguir:
- Cobertura:
abrangência espacial ou populacional;
- Confiabilidade
da medida;
- Validade:
grau de proximidade entre o conceito e o indicador;
- Relevância
social: atributo fundamental para justificar sua produção e legitimar seu
emprego no processo de análise, formulação e implementação de políticas
públicas e/ou ações e projetos organizacionais;
- Viabilidade
operacional para sua obtenção;
- Transparência
metodológica na sua construção;
- Sensibilidade:
capacidade de refletir as mudanças;
- Desagregabilidade:
capacidade de trabalhar em várias escalas (nacional, estadual, municipal,
mundial, pequenas localidades);
- Comunicabilidade
ao público;
- Periodicidade
de atualização: para acompanhar as mudanças sociais, econômicas, ambientais,
etc.;
- Historicidade:
dispor de séries históricas.
Um
indicador isolado não consegue retratar a realidade de uma dada dimensão social,
econômica, ambiental, ou de resultados de múltiplos departamentos de uma dada organização, e, nesse sentido, faz-se necessário, para sua
melhor operacionalização, a criação de um sistema de indicadores que reúna
informações relevantes, representadas pelo conjunto de indicadores relacionados
a uma temática de interesse, área de intervenção programática ou a um
determinado aspecto da realidade.
Dessa forma, um sistema de indicadores
facilita o monitoramento de objetivos, resultados e metas por parte das
organizações públicas ou privadas, permitindo, quando necessário, revisões e
ajustes, visando maior eficácia, eficiência e efetividade dos mesmos. Conforme
reforça Jannuzzi (2009), o processo de construção de um sistema de indicadores é composta de várias etapas:
– Explicitação
da demanda, ou seja, o estabelecimento dos objetivos programáticos de um plano,
ação, programa ou projeto;
– Delineamento
das dimensões a serem abrangidas, assim como das ações operacionais
correspondentes;
– Desenvolvimento
de uma lista de indicadores e dos dados necessários para a construção dos mesmos;
– Localização
das fontes e coleta de dados (gerados no âmbito das ações operacionais ou em
bases de dados oficiais);
–
Sistematização e análise dos
dados coletados.
A
construção de indicadores, ou de um sistema de indicadores, é facilitada uma
vez que os objetivos e os resultados estejam bem estabelecidos e que ocorra a
associação de cada objetivo e resultado a um conjunto de indicadores.
Desenvolver perguntas a partir dos objetivos propostos, para serem respondidas
pelo indicador, contribui para o êxito desta atividade.
Um exemplo de sistema de indicadores é o Balanced Scorecard (BSC), que se refere a uma metodologia de
gestão estratégica utilizada na organização e classificação dos indicadores. O
BSC é uma metodologia para avaliação de desempenho empresarial e de gestão
estratégica proposta por Kaplan e
Norton em 1992, na qual são observados indicadores financeiros, mas
também os não financeiros. Ao avaliar o desempenho, parte-se de estratégias ou
diretrizes e, neste contexto, os resultados apresentados por meio de
indicadores não financeiros vão refletir ou influenciar os resultados dos
indicadores financeiros. Diferentes
autores dizem que o BSC deve
incorporar relações de causa-efeito entre os indicadores de desempenho e
os fatores motivadores identificados na estratégia, onde algumas perspectivas
para monitorar o desempenho de uma empresa não podem faltar: financeira,
clientes, processos internos, aprendizagem e crescimento.
Outro exemplo, são
os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), que compõem a Agenda 2030
(ONU), esta Agenda é um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para
a prosperidade e que por meio de 17 objetivos, 169 metas e 241 indicadores,
propõe a integração das dimensões social, ambiental, econômica e institucional
em busca da promoção do desenvolvimento sustentável. Conforme carta de
intenções da ONU, os objetivos e metas serão acompanhados e avaliados
utilizando um conjunto de indicadores globais. Estes irão ser complementados
por indicadores nos níveis regionais e nacionais que serão desenvolvidos
pelos Estados-membros.
Os dois
exemplos ilustram a utilização de sistemas de indicadores com objetivos
diferentes, mas ambos estão alicerçados em conceitos básicos, bem como em uso
de larga escala para comparabilidade. É importante ressaltar que o uso de
indicadores deve ocorrer a partir de uma avaliação crítica das propriedades
anteriormente descritas e não apenas pelo uso tradicional dos mesmos e nem apenas
por modeles, que mesmo validados em determinadas organizações precisam de
ajustes para outras, já que as realidades são diferentes e as especificidades
devem ser consideradas. Além disso, o fator periodicidade e representatividade
são fundamentais para a melhor representação da realidade estudada, pois um indicador
bom apenas vai indicar, iluminar um fato, nunca substituirá o conceito que lhe
originou e nem dará conta de ser a realidade, pois ela é dinâmica e
multifacetada.
JANNUZZI, Paulo de
Martino. Indicadores para diagnóstico, monitoramento e avaliação de programas
sociais no Brasil. Revista do Serviço
Público. Brasília, 56 (2),
137-160, abr/jun 2005.
________Indicadores sociais no Brasil: conceitos, fonte de dados e aplicações. Campinas: Alínea, 2009.