A comunidade escolar e o preparo das
escolas
para adequação ao novo cenário
Após 70 dias do início da COVID-19 no
Brasil, todos os segmentos estão passando por uma profunda transformação. O âmbito
educacional é um dos setores com maior impacto, já que não envolve apenas a
direção, mas toda a comunidade escolar. Nesse contexto, a comunidade escolar é
representada pelos estudantes, suas famílias, professores, profissionais de
apoio, fornecedores, entre outros membros que apresentam algum vínculo com a escola.
Os pais e responsáveis tiveram, ao mesmo
tempo, que fazer duas grandes adaptações na sua rotina: a primeira foi trazer a
vida profissional para casa. A segunda, incorporar métodos educacionais a sua experiência
diária, como, por exemplo, apoiar o filho no processo de ensino-aprendizagem virtual.
Por outro lado, as escolas tiveram que
mudar calendários, metodologias, processos e práticas em um determinado tempo que
não compõe as estruturas educacionais tradicionais. Cabe lembrar aqui que
alguns ritos e práticas pedagógicas não podem ser executados de forma rápida,
intuitiva e com baixo planejamento.
O período atual impõe um desafio da
quebra dessas barreiras e a criação de novas estratégias para o setor
educacional, de modo que mantenha ou eleve a qualidade do ensino. As escolas,
devido ao impacto com a paralização dos processos educacionais tradicionais, tiveram
que adaptar metodologias e práticas educacionais para o espaço online.
Os professores, em sua maioria, mesmo sem
experiência em salas virtuais, tiveram que preparar e ministrar aulas. Do ponto
de vista pedagógico, várias questões foram suscitadas em relação à adequação da
carga horária para o ambiente virtual, bem como o equilíbrio entre conteúdo e
desenvolvimento de competências. Outras questões, como o processo de
socialização escolar nos intervalos das aulas virtuais (hora do recreio), são
caminhos a serem construídos no decorrer dos meses com a participação da comunidade
escolar.
A Logos Consultoria realizou, no início
de maio, um encontro de avaliação de gestão escolar com 12 gestores de cinco escolas
privadas. O encontro teve o intuito de fortalecer a cultura do planejamento e
cooperação entre pares. Na oportunidade, foi realizada uma dinâmica onde os
participantes puderam apresentar, a partir dos seis pilares da gestão escolar,
o que foi positivo e o que não foi positivo nesse período de adequação da
escola. Esse movimento, além de ampliar o olhar e possibilidades de
estratégias, também serviu para confortar os participantes por meio das trocas.
Após a avaliação, a Logos apresentou uma
trilha para pensar o planejamento do retorno as aulas presenciais. O novo modelo
educacional está demonstrando que as escolas precisam dar atenção à sua gestão
e ao seu planejamento, a exemplo de um melhor olhar ao setor financeiro,
revendo as despesas e receitas; setor administrativo, readequando e capacitando
os colaboradores para o novo cenário; setor pedagógico, requalificando os
professores e adquirindo novas tecnologias, tal qual o relacionamento com os
pais por meio de uma comunicação transparente e clara com o intuito de prepará-los
e inclui-los de uma forma mais próxima ao processo educacional dos filhos. Cabe
mencionar, ainda, que alguns países já estão debatendo o retorno das aulas
tradicionais. Mas é necessário ressaltar que esse momento não pode ser visto
como o “retorno das férias”.
As escolas devem focar em algumas etapas
de planejamento que inicie por um mapeamento empático da comunidade escolar, buscando
compreender o nível da saúde mental por meio da verificação de traumas. Além disso,
é essencial a realização de diagnóstico pedagógico e atualização do diagnóstico
socioeconômico das famílias, a fim de subsidiar a elaboração do plano de
retorno, criando estratégias de conforto, segurança e parceria com os
responsáveis para potencializar o aprendizado dos estudantes e a valorização das
escolas como espaço de equilíbrio e resiliência social.
* A Logos Consultoria atua com gestão
escolar e avaliação há 12 anos em projetos realizados por grandes Institutos,
Fundações em parcerias com governos em diferentes Estados do país. Taiana Jung
e Rui Marcos, mestres e especialistas em educação.
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