quarta-feira, 13 de maio de 2020



           



A comunidade escolar e o preparo das escolas
para adequação ao novo cenário



Após 70 dias do início da COVID-19 no Brasil, todos os segmentos estão passando por uma profunda transformação. O âmbito educacional é um dos setores com maior impacto, já que não envolve apenas a direção, mas toda a comunidade escolar. Nesse contexto, a comunidade escolar é representada pelos estudantes, suas famílias, professores, profissionais de apoio, fornecedores, entre outros membros que apresentam algum vínculo com a escola.



Os pais e responsáveis tiveram, ao mesmo tempo, que fazer duas grandes adaptações na sua rotina: a primeira foi trazer a vida profissional para casa. A segunda, incorporar métodos educacionais a sua experiência diária, como, por exemplo, apoiar o filho no processo de ensino-aprendizagem virtual.



Por outro lado, as escolas tiveram que mudar calendários, metodologias, processos e práticas em um determinado tempo que não compõe as estruturas educacionais tradicionais. Cabe lembrar aqui que alguns ritos e práticas pedagógicas não podem ser executados de forma rápida, intuitiva e com baixo planejamento.



O período atual impõe um desafio da quebra dessas barreiras e a criação de novas estratégias para o setor educacional, de modo que mantenha ou eleve a qualidade do ensino. As escolas, devido ao impacto com a paralização dos processos educacionais tradicionais, tiveram que adaptar metodologias e práticas educacionais para o espaço online.



Os professores, em sua maioria, mesmo sem experiência em salas virtuais, tiveram que preparar e ministrar aulas. Do ponto de vista pedagógico, várias questões foram suscitadas em relação à adequação da carga horária para o ambiente virtual, bem como o equilíbrio entre conteúdo e desenvolvimento de competências. Outras questões, como o processo de socialização escolar nos intervalos das aulas virtuais (hora do recreio), são caminhos a serem construídos no decorrer dos meses com a participação da comunidade escolar.



A Logos Consultoria realizou, no início de maio, um encontro de avaliação de gestão escolar com 12 gestores de cinco escolas privadas. O encontro teve o intuito de fortalecer a cultura do planejamento e cooperação entre pares. Na oportunidade, foi realizada uma dinâmica onde os participantes puderam apresentar, a partir dos seis pilares da gestão escolar, o que foi positivo e o que não foi positivo nesse período de adequação da escola. Esse movimento, além de ampliar o olhar e possibilidades de estratégias, também serviu para confortar os participantes por meio das trocas.



Após a avaliação, a Logos apresentou uma trilha para pensar o planejamento do retorno as aulas presenciais. O novo modelo educacional está demonstrando que as escolas precisam dar atenção à sua gestão e ao seu planejamento, a exemplo de um melhor olhar ao setor financeiro, revendo as despesas e receitas; setor administrativo, readequando e capacitando os colaboradores para o novo cenário; setor pedagógico, requalificando os professores e adquirindo novas tecnologias, tal qual o relacionamento com os pais por meio de uma comunicação transparente e clara com o intuito de prepará-los e inclui-los de uma forma mais próxima ao processo educacional dos filhos. Cabe mencionar, ainda, que alguns países já estão debatendo o retorno das aulas tradicionais. Mas é necessário ressaltar que esse momento não pode ser visto como o “retorno das férias”.



As escolas devem focar em algumas etapas de planejamento que inicie por um mapeamento empático da comunidade escolar, buscando compreender o nível da saúde mental por meio da verificação de traumas. Além disso, é essencial a realização de diagnóstico pedagógico e atualização do diagnóstico socioeconômico das famílias, a fim de subsidiar a elaboração do plano de retorno, criando estratégias de conforto, segurança e parceria com os responsáveis para potencializar o aprendizado dos estudantes e a valorização das escolas como espaço de equilíbrio e resiliência social.



* A Logos Consultoria atua com gestão escolar e avaliação há 12 anos em projetos realizados por grandes Institutos, Fundações em parcerias com governos em diferentes Estados do país. Taiana Jung e Rui Marcos, mestres e especialistas em educação.

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